ROTEIRO
Corro a caneta sobre o papel
Discorro, invento palavras
Rubra é a melodia do pensar
Negro é o instinto de agir
Impetuosa ação
Diáfana omissão
As letras me aprisionam
As entrelinhas me libertam
Fugir é a solução
Divagar melancolias vãs
Entristecer o ego sem razão
E, de súbito, num ímpeto luminoso
Retornar à realidade
Será real a rotina?
Rotineiro o cotidiano?
É impensado o script,
isso é fato.
E, ao fim do enredo,
restaremos apenas nós,
sem representar,
sem atuar,
sem fingir.
Nós, apenas
Imaginando o roteiro,
por trás das cortinas,
escondidos das luzes:
Eu, a caneta e o papel...
Saudades, muitas saudades do tempo em que éramos um.
Um trio inseparável.
Hoje, recorro a eles volta e meia, mas... O relacionamento não é mais o mesmo.
Fujo de mim, logo fujo também deles.
Quero voltar a me achar e não ao certo como.
Vou encontrar o fio do novelo perdido no último semestre em algum lugar do tempo/espaço, entre tanta correria...
Vou voltar a mim.
Eu juro.
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